A influência e relevância dos objetos nos remetem a João Amado (2007) que relata a história das bonecas de pano e sua importância em um determinado período da história de Portugal, onde elas ganham a denominação de “marafonas”. São bonecas sem feição, ou seja, não possuem rosto, boca ou olhos. Essa versão atuou com significativa importância em determinado período como elos entre a dominação/libertação de um povo. Em todo primeiro Domingo de Maio é comemorado o acontecimento entre portugueses e sarracenos e as bonecas são abençoadas e utilizadas como amuleto contra “mau-olhados”.
Quanto às marafonas, reza a lenda que quando os mouros cercaram o castelo de
Monsanto a população, refugiada no seu interior, utilizou estas bonecas (sem rosto e
escondendo por debaixo das saias uma estrutura de pau em cruz de Cristo) para
fingidamente dar a entender aos sitiantes que, apesar do cerco, se mantinham em boa
forma de corpo e de espírito; para tanto, no interior das muralhas, empunhavam e
agitavam as bonecas ao alto, dando a impressão de que cantavam e dançavam e se
mantinham pouco perturbados com o bloqueio; desse modo os sarracenos
resolveram levantar, convencidos de que nada faria desistir os sitiados e levar a sua
rendição.
Assim, em quase todas as civilizações, a boneca figura como personagem importante
para contar a história daquele povo, pois representa a imagem do humano no imaginário
daquela cultura. É interessante analisar o quanto os materiais utilizados em sua configuração
informam sobre a cultura do lugar e sobre as comunidades onde atua. Percebe-se a função
desses artefatos como agentes sociais, informando sobre as especificidades locais, fazendo
com que os mesmos se tornem objetos de mensagem coletiva.
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